Investigados por fraude na compra de cestas básicas no TO tiraram selfie com maços de dinheiro e chamavam propina de 'bênção'

  • 04/09/2025
(Foto: Reprodução)
Investigado na Operação Fames-19 tirava fotos com maços de dinheiro Reprodução/Decisão do STJ A investigação da Polícia Federal aponta Marcus Vinícius Santana como "operador financeiro" do governador Wanderlei Barbosa no esquema de desvio de dinheiro da compra de cestas básicas, durante a pandemia. O investigado aparece com maços de dinheiro em fotos obtidas pela investigação. Conversas mostram que outros suspeitos chamavam as propinas de "benção". As imagens e diálogos constam na decisão do ministro Mauro Campbell, Superior Tribunal de Justiça (STJ), que afastou o governador Wanderlei Barbosa e a primeira-dama, Karynne Sotero, na segunda fase da Operação Fames-19 (veja o posicionamento deles abaixo). A investigação apura contratos para aquisição de cestas básicas e frangos congelados durante o período da pandemia. A suspeita da Polícia Federal é de que foram contatadas empresas de fachada e parte dos produtos não foi entregue. O prejuízo estimado, segundo a investigação é superior a R$ 73 milhões. Em uma das imagens que consta no inquérito, Marcus Vinícius Santana, filho de Taciano Darcles, ex-assessor especial do governador, aparece com uma bolsa recheada com notas de R$ 50, R$ 100 e R$ 200. Na decisão, o ministro afirma que Marcus agia como "operador financeiro" do governador Wanderlei. Veja como funcionava o suposto esquema. 📱 Clique aqui para seguir o canal do g1 TO no WhatsApp Ainda segundo o relatório, o dinheiro era usado para o "pagamento das propinas ao governador do Estado e aos demais agentes envolvidos" no esquema criminoso. A denúncia também aponta que os valores desviados eram usados para quitar despesas pessoais do governador. "É possível depreender a sistemática adotada pela organização criminosa para dissimular, camuflar, e até mesmo impedir o rastreamento dos atos de recebimento e distribuição de vantagens indevidas", afirmou o ministro. Conforme o documento, Marcus seria o responsável pelas transferências bancárias e saques de valores que eram repassados a Taciano ou a Thiago Barbosa, sobrinho do governador, "os quais se incumbiriam de, posteriormente, entregar tais valores em espécie aos demais envolvidos, neles incluído o governador" A defesa de Thiago Barbosa informou que o nome dele foi inserido na decisão por "absoluto equívoco", pois ele não é investigado na Operação Fames-19 e não foi alvo das medidas cautelares, e que já adotou providências para que o nome de Thiago seja excluído das investigações (veja nota completa abaixo). O g1 tenta contato com a defesa de Marcus Vinícius Santana e Taciano Darcles. LEIA TAMBÉM Decks de madeira, varandas e luxo: veja imagens de pousada que teria sido construída com dinheiro de cestas básicas, segundo a PF Governador em exercício do Tocantins exonera todos os secretários do primeiro escalão Instituto forjou montagem de cestas básicas e lista de entrega, aponta investigação que afastou governador do Tocantins Ex-marido de primeira-dama recebeu R$ 1,3 milhão de empresas investigadas por desvio de verba para cestas básicas, aponta PF Pagamentos indevidos tratados como "bênçãos" Diálogo obtido pela PF entre Paulo César Lustosa e Wilton Pires Reprodução/ Decisão do STJ A investigação da Polícia Federal apontou que outros investigados no esquema chamavam os pagamentos indevidos de "bênçãos". Em uma conversa encontrada pela Polícia Federal, Wilton Pires encaminha uma foto de uma pilha de dinheiro para o irmão Paulo Cesar Lustosa e combina o repasse de valores. Segundo a investigação, Paulo Cesar, o PC Lustosa, é suspeito de ter negociado propinas para o esquema e recebido mais de R$ 1,3 milhão. Veja trechos destacados pela investigação: WILTON IRMÃO LÍDER: Tenho que te passar o seu WILTON IRMÃO LÍDER: 3 mil PC LUSTOSA: Oi irmão PC LUSTOSA: Na ponta WILTON IRMÃO LÍDER: Mano, tá por onde? Passar sua bênção PC LUSTOSA: Tô em casa irmão WILTON IRMÃO LÍDER: Boa tarde irmão. Tá por onde? PC LUSTOSA: Boa tarde WILTON IRMÃO LÍDER: Quero te passar uma bênção PC LUSTOSA: Almoçando aqui no 063 JK. Ouvindo um pagodinho O g1 não conseguiu contato com a defesa de PC Lustosa e Wilton Pires. Dinheiro em gabinete Na primeira fase da operação, em agosto de 2024, policiais federais cumpriram mandados de busca e apreensão em endereços do governador, entre eles o gabinete no Palácio Araguaia -- sede do governo local. Dinheiro apreendido em gaveta do chefe de gabinete do governador Wanderlei Barbosa, em 2024 Reprodução/Relatório do STJ Os investigadores encontraram R$ 32,2 mil em espécie no gabinete do governador junto dos carimbos de Barbosa e de seu chefe de gabinete, que foi exonerado no dia seguinte. Segundo a PF, o fato de integrantes do esquema sacarem "grandes quantias em espécie" e os valores apreendidos no gabinete do governador "reforçam a convicção de que atos de corrupção passiva, de fato ocorreram e continuam a ocorrer na sede do Poder Executivo estadual", diz trecho da investigação. Além do dinheiro encontrado na sede do governo tocantinense, à época, a polícia apreendeu mais R$ 35,5 mil, US$ 1,1 mil e 80 euros no escritório que fica na casa de Wanderlei. Operação Fames-19 Operação investiga suposto esquema de desvio de recursos públicos durante pandemia O governador Wanderlei Barbosa foi afastado do cargo por 180 dias nesta quarta-feira (3), após decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ). A primeira-dama, Karine Sotero Campos, que ocupava o cargo de secretária extraordinária de Participações Sociais, também não poderá seguir na função pelo mesmo período. O governador afirmou, em nota, que recebe a decisão com respeito às instituições, mas se trata de uma "medida precipitada". Afirmou que os fatos ocorreram na gestão anterior, quando tinha o cargo de vice-governador e não era ordenador de despesas. A primeira-dama informou que vai "comprovar total ausência de participação nos fatos" (veja as notas abaixo). Esta é a 2ª fase da Operação Fames-19, que busca reunir novos elementos sobre o uso de emendas parlamentares e o recebimento de vantagens indevidas por agentes públicos e políticos com a compra de cestas básicas durante a pandemia de Covid-19. Segundo a decisão, são apurados os crimes de frustração ao caráter competitivo de licitação, peculato, corrupção passiva, lavagem de capitais e formação de organização criminosa. Conforme a PF, as investigações apontam fortes indícios de um esquema de desvio de recursos públicos em 2020 e 2021, ainda no governo de Mauro Carlesse. Nesse período, os investigados teriam se aproveitado do estado de emergência em saúde pública e assistência social para fraudar contratos de fornecimento de cestas básicas. Segundo a apuração, foram pagos mais de R$ 97 milhões em contratos para fornecimento de cestas básicas e frangos congelados. O prejuízo aos cofres públicos é estimado em mais de R$ 73 milhões. Conforme a investigação, os valores desviados teriam sido ocultados por meio da construção de empreendimentos de luxo, compra de gado e pagamento de despesas pessoais dos envolvidos. Íntegras das notas das defesas Nota da Secretaria Estadual do Trabalho e Desenvolvimento Social (Setas) A Secretaria Estadual do Trabalho e Desenvolvimento Social (Setas) informa que tem colaborado com as investigações e encaminhado informações aos órgãos de controle internos e externos para instruir as tomadas de contas que foram instauradas. A Setas reforça seu compromisso em colaborar com as autoridades competentes. Nota de Mauro Carlesse A defesa do ex-governador Mauro Carlesse lamenta os recentes acontecimentos envolvendo o Estado do Tocantins e esclarece que, durante todo o período em que Mauro Carlesse exerceu o mandato, inexistiu qualquer ato ou decisão de sua responsabilidade relacionado aos fatos apurados. Ressalta, ainda, que o ex-governador não figura como investigado, réu ou alvo de quaisquer medidas decorrentes da operação, não havendo, portanto, qualquer imputação contra sua pessoa. Por fim, a defesa reafirma sua confiança nas instituições e no pleno esclarecimento dos fatos, convicta de que a apuração confirmará a total ausência de envolvimento de Mauro Carlesse com os acontecimentos sob investigação. Nota de Karynne Sotero Reitero meu respeito à decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e às instituições, ressaltando que irei dedicar-me plenamente à minha defesa, convicta de que conseguirei comprovar minha total ausência de participação nos fatos que estão sendo apontados. Desejo que tudo seja esclarecido e reestabelecido com brevidade e justiça, pelo bem do povo tocantinense, a quem dedico meu trabalho e compromisso. Nota de Wanderlei Barbosa Recebo a decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) com respeito às instituições, mas registro que se trata de medida precipitada, adotada quando as apurações da Operação Fames-19 ainda estão em andamento, sem conclusão definitiva sobre qualquer responsabilidade da minha parte. É importante ressaltar que o pagamento das cestas básicas, objeto da investigação, ocorreu entre 2020 e 2021, ainda na gestão anterior, quando eu exercia o cargo de vice-governador e não era ordenador de despesa. Reforço que, por minha determinação, a Procuradoria-Geral do Estado (PGE) e a Controladoria-Geral do Estado (CGE) instauraram auditoria sobre os contratos mencionados e encaminharam integralmente as informações às autoridades competentes. Além dessa providência já em curso, acionarei os meios jurídicos necessários para reassumir o cargo de Governador do Tocantins, comprovar a legalidade dos meus atos e enfrentar essa injustiça, assegurando a estabilidade do Estado e a continuidade dos serviços à população. Nota de Thiago Barbosa A defesa do Dr. THIAGO MARCOS BARBOSA CASTRO DE CARVALHO esclarece, em relação à Cautelar Inominada Penal n° 139-DF do STJ, cujos desdobramentos foram cumpridos nesta data na cidade de Palmas (TO), que seu nome foi referido na decisão por absoluto equívoco, tendo em vista que não é investigado na Operação Fames-19 e da mesma forma não foi alvo das medidas cautelares. Vale gizar que a o Dr. THIAGO BARBOSA nunca exerceu o cargo de assessor especial do Governo e, tampouco qualquer outro cargo no Executivo Estadual, e que a menção ao nome de "Thiago" possivelmente se refira a outra pessoa diversa, portanto, um homônimo. Por fim, a defesa informa que já adotou as providências cabíveis junto ao Ministro Relator no STJ para que seu nome seja efetivamente excluído das investigações da Operação Fames-19. Veja mais notícias da região no g1 Tocantins.

FONTE: https://g1.globo.com/to/tocantins/noticia/2025/09/04/investigados-em-esquema-de-cestas-basicas-tiraram-selfie-com-montes-de-dinheiro.ghtml


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