Eleição em Nova York: com muçulmano favorito e disputa nacionalizada, cidade escolhe novo prefeito sob ameaças de Trump

  • 04/11/2025
(Foto: Reprodução)
Zohran Mamdani, o socialista, muçulmano e tiktoker favorito à prefeitura de Nova York A cidade de Nova York vai às urnas nesta terça-feira (4) para escolher o próximo prefeito. Com o muçulmano e democrata Zohran Mamdani como favorito, o pleito ganhou projeção internacional e se transformou em uma disputa política nacional diante de ameaças do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. ✅ Siga o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp As últimas pesquisas divulgadas pela imprensa americana mostram Mamdani com ampla vantagem sobre o segundo colocado, o ex-governador de Nova York Andrew Cuomo. As margens variam de 5 a 25 pontos percentuais. A eleição será uma espécie de revanche das primárias democratas, em junho. Em uma reviravolta histórica, Mamdani venceu Cuomo e foi escolhido como candidato do partido à prefeitura. O ex-governador, então, decidiu concorrer como independente. Em pouco tempo, Mamdani se tornou uma estrela dentro do Partido Democrata. Aos 34 anos, ele usou a internet para conquistar os mais jovens e tem se posicionado como uma nova voz na política americana. Ao mesmo tempo, enfrenta críticas por ser considerado “muito de esquerda”. Se vencer, Mamdani será o primeiro muçulmano a governar Nova York. Nascido em Uganda e filho de imigrantes, ele se mudou ainda criança para os Estados Unidos e, atualmente, é deputado estadual. Ele se apresenta como socialista e chamou atenção ao se posicionar a favor da Palestina e romper com o perfil dos políticos democratas tradicionais. Já Cuomo tenta ganhar espaço com um discurso mais de centro e moderado. Aos 67 anos, ele se apresenta como um candidato experiente, por já ter governado o estado de Nova York. Por outro lado, enfrenta rejeição por ter sido alvo de denúncias de assédio sexual em 2021. Também na disputa está o republicano Curtis Sliwa, de 71 anos, conhecido por ter criado uma organização de patrulhamento voluntário para combater o crime na década de 1970. Apesar de ser do mesmo partido de Trump, Sliwa não é um apoiador do presidente. No contexto das eleições estão o alto custo de vida em Nova York e a polarização política nacional. Trump tem criticado Mamdani, chamando o democrata de “comunista”, e ameaçou cortar recursos da cidade caso ele seja eleito. Nesta reportagem você vai ver: Reviravoltas e candidaturas Por que a eleição virou uma disputa nacional? O que dizem as pesquisas Como funcionam as eleições em Nova York Cidade de Nova York vai às urnas nesta terça-feira (4) para eleger novo prefeito Juan Silva e Gui Sousa/Arte g1 1. Reviravoltas e candidaturas As eleições para a prefeitura de Nova York foram marcadas por uma série de reviravoltas. A primeira delas foi a vitória de Zohran Mamdani nas primárias democratas. O candidato começou a campanha mal posicionado nas pesquisas e cresceu aos poucos ao focar no alto custo de vida em Nova York. Mamdani também viralizou na internet e ganhou destaque como um candidato “tiktoker”, carismático e com linguagem próxima dos mais jovens. Nas vésperas da votação das primárias, Mamdani ainda aparecia em segundo lugar nas pesquisas, com o ex-governador Andrew Cuomo mantendo certa vantagem. Após ser derrotado, Cuomo anunciou que continuaria na disputa pela prefeitura como candidato independente. Pouco depois, o atual prefeito, Eric Adams, desistiu da reeleição e declarou apoio ao ex-governador. Na reta final da campanha, Donald Trump declarou apoio a Cuomo, mesmo com um candidato do Partido Republicano na disputa. Veja a seguir quem está na disputa. ▶️ Zohran Mamdani Zohran Mamdani durante campanha para a prefeitura de Nova York, em 31 de outubro de 2025 REUTERS/Brendan McDermid Mamdani tem 34 anos e nasceu em Uganda, na África Oriental. Filho de mãe indiana e pai ugandês, mudou-se para os Estados Unidos ainda na infância. Se eleito, será o primeiro muçulmano a governar Nova York. Ele se declara socialista e ganhou notoriedade por seus discursos pró-Palestina e críticas às ações de Israel na Faixa de Gaza durante a guerra contra o Hamas. Desde 2021, é deputado estadual em Nova York. Em 2020, Mamdani provocou polêmica ao chamar a polícia de Nova York de “racista” e “grande ameaça à segurança pública”. Ele pediu desculpas pelas declarações no mês passado. O candidato tem causado tensões internas no Partido Democrata. Carismático e com linguagem acessível, conquistou apoio principalmente entre os jovens na internet. Por outro lado, enfrenta críticas por ser considerado “muito de esquerda” e por romper com o perfil mais moderado do partido. Lideranças democratas demonstraram certa resistência em apoiá-lo. O ex-presidente Barack Obama, por exemplo, não declarou apoio público, mas ligou para Mamdani poucos dias antes da eleição para elogiar sua campanha. ▶️ Andrew Cuomo Andrew Cuomo, candidato a prefeito de Nova York, durante coletiva de imprensa em 30 de outubro de 2025 REUTERS/Jeenah Moon Cuomo tem 67 anos e, embora seja membro do Partido Democrata, concorre nesta eleição como independente, após perder as primárias do partido. O candidato tem uma longa carreira na política. Ele foi secretário no governo de Bill Clinton, entre 1997 e 2001, e também atuou como procurador-geral de Nova York. Em 2010, foi eleito governador do estado e permaneceu no cargo por 10 anos. Durante a pandemia de Covid-19, Cuomo ganhou projeção internacional por sua gestão baseada em dados técnicos, enquanto Trump minimizava os riscos do vírus. A imagem dele, no entanto, ruiu no ano seguinte. Em 2021, ele foi acusado de assédio sexual e passou a ser investigado. Sob pressão, renunciou ao cargo de governador. Na campanha atual, Cuomo tem se apresentado como uma voz moderada diante de Mamdani. Ele afirma que o adversário não tem experiência administrativa e critica seu perfil socialista e de esquerda. ▶️ Curtis Sliwa Curtis Sliwa durante campanha para a prefeitura de Nova York, em 3 de novembro de 2025 REUTERS/Brendan McDermid Curtis Sliwa é o mais velho entre os três candidatos. Aos 71 anos, ele disputa a prefeitura de Nova York pela segunda vez. Nas eleições de 2021, recebeu menos de 30% dos votos e sofreu uma dura derrota para Eric Adams. Na década de 1970, ele criou um grupo de segurança formado por voluntários que patrulhavam áreas do Bronx e do metrô de Nova York. O objetivo era enfrentar a alta da criminalidade na cidade. O grupo, conhecido como “Guardian Angels” se espalhou pelos Estados Unidos e outros países. Sliwa ficou famoso, principalmente pelo uso da boina vermelha que representa o grupo. Ele também se destacou como apresentador de rádio e chegou a ser alvo de uma tentativa de assassinato na década de 1990, quando foi baleado dentro de um táxi em Nova York. Figura da direita americana, Sliwa não se considera um apoiador de Donald Trump e afirma não ter votado no presidente nas eleições de 2016 e 2020. Sliwa disse não se importar com o fato de Trump não o apoiar nesta eleição. Voltar ao início. 2. Por que a eleição virou uma disputa nacional? O presidente Donald Trump fala com a imprensa a bordo do Air Force One em 2 de novembro de 2025 REUTERS/Elizabeth Frantz A rápida ascensão de Mamdani na política americana fez com que os olhos dos Estados Unidos e do mundo se voltassem para a eleição para a Prefeitura de Nova York. O perfil carismático e popular do democrata chamou a atenção do público, com ele usando uma linguagem mais acessível e propondo soluções compreensíveis aos eleitores. Mas a figura de Mamdani não é unânime nem mesmo entre os democratas. O candidato integra um movimento mais progressista e de esquerda do partido, distanciando-se do pragmatismo tradicional da legenda. Mamdani também enfrentou resistência para receber apoio de lideranças democratas. O líder do partido na Câmara, Hakeem Jeffries, só declarou apoio ao candidato a menos de 15 dias da eleição. Já o líder do Senado, Chuck Schumer, não anunciou nenhum apoio. O ex-presidente Barack Obama, uma das principais figuras do Partido Democrata, também não declarou apoio público a Mamdani. No entanto, ele ligou para o candidato no sábado (1º), elogiou a campanha e se ofereceu para atuar como conselheiro no futuro. O crescimento de Mamdani também incomodou adversários. Republicanos passaram a afirmar que o democrata representava um grande risco para Nova York por ser um socialista muito liberal. Também começaram a relacioná-lo aos ataques de 11 de setembro, por ser muçulmano. Logo, Trump também passou a criticá-lo. O presidente usou as redes sociais para chamar o candidato de “comunista” e “radical”. Na véspera da eleição, afirmou que, se Mamdani for eleito, cortará recursos federais destinados a Nova York. “É minha obrigação governar a nação, e tenho a firme convicção de que a cidade de Nova York será um completo desastre econômico e social caso Mamdani vença”, publicou. “Prefiro muito mais ver um democrata com histórico de sucesso vencer do que um comunista sem experiência e com histórico de fracasso total”, disse, ao anunciar apoio a Cuomo. Voltar ao início. 3. O que dizem as pesquisas? Mamdani (Democrata), Cuomo (independente) e Sliwa (Republicano), candidatos a prefeito de NY Montagem/Reuters Zohran Mamdani aparece com boa vantagem nas últimas pesquisas divulgadas pela imprensa americana. Apesar disso, o levantamento mais recente do AtlasIntel mostrou que a diferença entre o candidato democrata e Andrew Cuomo diminuiu nos últimos dias. Segundo dados do instituto, Mamdani tem 43,9% das intenções de voto, enquanto Cuomo aparece com 39,4%. Curtis Sliwa vem em terceiro, com 15,5%. A pesquisa ouviu eleitores entre sexta-feira (31) e segunda-feira (2), com margem de erro de dois pontos percentuais. Na comparação com outro levantamento do AtlasIntel, divulgado em 30 de outubro, Cuomo reduziu a diferença de 6,6 para 4,5 pontos percentuais. Já Sliwa perdeu quase nove pontos em poucos dias, o que pode indicar um movimento entre republicanos para tentar barrar a vitória de Mamdani. Segundo o instituto, Cuomo venceria Mamdani por 49,7% a 44,1% caso Sliwa não estivesse na disputa. Um suposto movimento a favor da candidatura de Cuomo pode ser limitado, já que mais de 700 mil eleitores votaram com antecedência em Nova York. O número representa um recorde. Além disso, outras pesquisas recentes apontam um cenário mais favorável a Mamdani, com vantagem superior a 20 pontos, segundo levantamento do Emerson College. Veja abaixo. Voltar ao início. 4. Como funcionam as eleições Diferentemente das primárias, em que os eleitores votavam por ranqueamento, colocando os candidatos em ordem de preferência, desta vez eles só podem escolher um nome. Os locais de votação estarão abertos das 6h às 21h, pelo horário local (das 7h às 22h, em Brasília) nesta terça-feira. Os eleitores também puderam votar antecipadamente nos últimos dias. Segundo as autoridades, mais de 735 mil votos antecipados foram registrados — quatro vezes mais que nas eleições de 2021. Também foi possível enviar o voto pelo correio. Os primeiros resultados devem sair logo após o encerramento da votação, e a expectativa é que o vencedor seja anunciado na madrugada de quarta-feira (5). O novo prefeito de Nova York tomará posse em 1º de janeiro de 2026 e terá mandato de quatro anos. Voltar ao início. VÍDEOS: mais assistidos do g1

FONTE: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2025/11/04/eleicao-em-nova-york-com-muculmano-favorito-e-disputa-nacionalizada-cidade-escolhe-novo-prefeito-sob-ameacas-de-trump.ghtml


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