Como o forró dos anos 90 venceu o tempo com bandas e hits 'das antigas' que tocam sem parar; veja principais sucessos

  • 24/06/2025
(Foto: Reprodução)
O g1 montou uma playlist com hits do forró eletrônico, surgido na década de 1990. Especialistas apontam semelhanças e diferenças com o repertório de Gonzagão. Como o forró dos anos 90 venceu o tempo com bandas e hits 'das antigas' Você pode até não perceber ou lembrar, mas provavelmente alguma música do forró das antigas, também chamado de forró eletrônico, faz parte da sua vida. Quem nasceu em algum dos nove estados do Nordeste tem contato "obrigatório" com essas canções, que extrapolam o período das festas juninas e são ouvidas, cantadas e dançadas o ano inteiro. No entanto, a região ficou pequena para abrigar todo o sucesso de bandas como Calcinha Preta, Limão com Mel, Magníficos e Mastruz com Leite, que têm seus refrões e suas melodias marcantes conhecidos no Brasil inteiro (veja vídeo acima). 📲 Siga os perfis do Bom Dia PE, do NE1 e do NE2 no Instagram Mas o que leva uma música a ser enquadrada nessa categoria de forró das antigas? Segundo especialistas ouvidos pelo g1, a primeira característica se refere a uma mudança estética em relação ao forró tradicional, representando, principalmente, por Luiz Gonzaga, o eterno Rei do Baião, e por Dominguinhos. “As bandas trouxeram uma mudança estética no forró, com as guitarras, as baterias, acrescentando outra sonoridade ao forró tradicional, que é feito a partir do triângulo, da zabumba e do pandeiro, no máximo ali com um violão ou uma viola. As bandas de forró eletrônico têm um instrumental muito maior, que valorizam demais os naipes de guitarra e de bateria”, explicou o antropólogo Hugo Menezes. Outro aspecto que caracteriza o forró das antigas é o repertório dividido em dois grandes grupos temáticos. “As músicas do forró eletrônico têm um repertório composto por músicas que falam de amor e de desilusão e que têm uma ingenuidade romântica. A outra dimensão é a vaquejada e outras experiências do repertório nordestino”, afirma Menezes, que é professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Banda Mastruz com Leite no São João de 2025 em Campina Grande Erickson Nogueira/g1 Ao surgir na década de 1990, o forró eletrônico chegou a ser chamado de “forró de plástico”, uma expressão pejorativa que era utilizada para fazer uma oposição àquilo que era tido como clássico e tradicional, que era o forró de Gonzagão. “Há dois erros, dois equívocos conceituais. Um deles é achar que a mudança estética é, por si, uma ameaça de morte de uma expressão tradicional. A mudança estética é meramente um resultado de um processo mesmo de mudanças que o mundo passa, que as sociedades passam, que a gente passa. E o segundo ponto é achar que o forró é algo intocável, imexível, imutável, achar que é puro”, afirmou Hugo Menezes. Apesar das diferenças entre o forró das antigas e o forró de Luiz Gonzaga e Dominguinhos, há várias semelhanças entre esses dois ritmos ou estilos de um mesmo gênero musical, que é marcado por uma expressiva e notável diversidade. “No repertório gonzaguiano, tem muito sobre amor e vaquejada. As coisas também se comunicam, porque a gente fica sempre pensando que eles são oposição, mas eles também se encontram em alguma medida. Há uma diferença sonora, evidente, mas também existem aproximações temáticas das músicas, que devem ser valorizadas enquanto expressões do mesmo gênero, que é o forró. O compasso é similar, as temáticas são similares, entretanto é acrescido a esse forró das antigas um conjunto de instrumentos que fazem com que o som fique diferente”, contou Menezes. Canções atemporais Alguns sucessos de bandas do forró das antigas se transformaram em clássicos do gênero. Em cada estado do Nordeste, eles tocam diariamente nas rádios, nos programas locais de TV e nos shows que acontecem ao longo dos 12 meses do ano, e não apenas em junho. Isso demonstra a atemporalidade das músicas, a maioria delas lançadas na década de 1990 e nos primeiros anos do século 21. “Nos últimos anos, essas bandas vêm ocupando as programações das festas de Caruaru, de Campina Grande, do Recife. Tem também uma espécie de busca do público por essa música cantada, que canta o Nordeste de um jeito diferente do que a música do agronegócio, que a música do sertanejo tem cantado”, disse Hugo Menezes. Com relação às letras, a principal compositora dos sucessos do forró das antigas foi a cantora cearense Rita de Cássia, que morreu em janeiro de 2023, aos 54 anos. Da mente criativa dela, saíram clássicos como “Meu vaqueiro, meu peão”, música lançada em 1993 e considerada o marco inicial do chamado forró eletrônico. “Rita de Cássia tem mais de 500 músicas, grande parte delas gravadas por bandas como Mastruz com Leite e Cavalo de Pau. Essa compositora tem uma forma de narrar o Sertão muito poética, muito cândida, muito romântica, pois canta a paisagem do Nordeste, ela canta os amores impossíveis”, pontuou o especialista. Outro destaque feminino é Eliane, conhecida como a “rainha do forró”. A cantora cearense, de 57 anos, se firmou como uma das principais vozes do forró das antigas, um protagonismo que chama atenção por ser a exceção em um cenário musical que era predominantemente dominado por bandas. Entre os sucessos da carreira dela, estão “Quem é ele”, “Meu nêgo” e “Amor ou paixão” — esta última canção foi regravada por Elba Ramalho, em uma versão lançada na sexta-feira (20), para o São João de 2025. Muitos forrós das antigas têm uma característica em comum — são versões de músicas estrangeiras de outros estilos como rock e pop, como os exemplos listados a seguir: “Dust in the wind”, da banda Kansas, se tornou “Louca por ti”, um dos sucessos da banda Calcinha Preta; Brucelose transformou “I will survive”, da cantora Glória Gaynor, em “Raios de néon”; Outra canção de título parecido, “Pétalas néon”, da banda Noda de Caju, é a versão forrozeira de “Hero”, imortalizada na voz de Mariah Carey; "Telefona-me", da banda Capim com Mel, é a versão forrozeira de "Like a Prayer", de Madonna. “É uma ruptura, mas, ao mesmo tempo, é uma aproximação. Há muitas músicas que não são do cancioneiro do forró. Aí você pega essa música internacional, adapta essa canção e faz uma versão. E, assim, isso obviamente distancia de Luiz Gonzaga. Mas, ao mesmo tempo, essas bandas usam coisas que Luiz Gonzaga cunhou como forró aplicadas a uma música gringa. Então, é interessante ver como a mesma coisa tanto se distancia quanto também se aproxima”, pontua Moema França, jornalista e mestranda em comunicação e música na UFPE. Essa mistura entre referências nordestinas e internacionais demonstra a porosidade do forró das antigas, segundo Hugo Menezes, que enxerga semelhanças com a lógica do manguebeat no que se refere a trazer referências de fora do Brasil e mesclá-la com as referências locais. O pesquisador lista dois motivos para o sucessos dessas versões em forró de canções estrangeiras. “Um deles é porque a gente escuta as músicas e rapidamente se conecta com elas porque tocavam nas novelas, nas rádios, nas ruas. E o segundo ponto vem do diálogo com o exterior, o estrangeiro, o externo a nós, que é muito rico para qualquer tipo de movimento artístico. Até hoje, conseguimos ouvir uma música internacional e acoplar à nossa experiência local e regional. Olha como isso é mágico, é potente demais a gente ouvir uma música de fora daqui e associar com um ritmo local”, declarou. Banda Cavalo de Pau no São João de 2025 em Campina Grande Erickson Nogueira/g1 E as letras problemáticas? Entre os sucessos do forró das antigas, há canções que podem ser consideradas problemáticas por causa de letras que, por exemplo, enaltecem a submissão da mulher ao homem e valorizam as traições masculinas, dando espaço e destaque a comportamentos de machismo e misoginia, que, há tempo, já não são mais tolerados na sociedade. “Isso é um dos grandes dilemas. Certas músicas foram feitas dentro de um contexto muito específico, mas que, quando a gente canta e dança, ganha uma nova significação. Existe uma apropriação dessas letras, não para concordar com elas, mas entendendo que elas são fruto de uma geração, uma cultura e um padrão de pensamento que não é só do forró, que diz sobre a sociedade que a gente vive, que, infelizmente, é muito machista, e que vai continuar produzindo essas letras", afirmou Moema França. O refrão “Amor, me leva, faz de mim o que quiser, me usa, me abusa, pois o meu maior prazer é ser tua mulher”, da música “Me usa”, da banda Magníficos, é um exemplo bem ilustrativo do quanto algumas canções do forró das antigas não envelheceram bem. "Mas isso não é só no forró. Na MPB, no folk, no indie, a gente sempre vai encontrar isso em todos os gêneros que a gente for olhar. Tem muitas questões, claro, nas letras, mas isso não é exclusivo do forró. Quando a gente fica olhando só para isso, de fato a gente está sendo preconceituoso mesmo, querendo culpar uma certa maneira de ser como se ela fosse exclusiva do Nordeste, do cabra macho”, defende Moema França. Por isso, é importante evitar qualquer tipo de generalização que venha tentar transformar essas letras problemáticas em um “cartão de visitas” do forró das antigas, como se fosse uma marca registrada desse estilo musical, o que não corresponde à realidade, de acordo com Hugo Menezes. “O que acontece com o forró das antigas é o que acontece, efetivamente, com qualquer movimento de retomada, de revisitação de movimentos artísticos do passado. É preciso ter um olhar crítico, mas não anacrônico. Diante do vastíssimo repertório do forró das antigas, é possível peneirar e não acionar algumas músicas que, de fato, podem ser problemáticas. O problema não está nem dentro do forró das antigas necessariamente porque ‘Me usa’, por exemplo, foi retomada por Pabllo Vittar, que não teve o menor pudor de trazer de volta”, disse o pesquisador sobre a regravação lançada em 2024. Principais bandas e sucessos O g1 montou uma playlist especial, que reúne os principais clássicos do forró das antigas, divididos por cada uma das bandas responsáveis por fazer o forró eletrônico ser um sucesso nacional e atemporal. 🥛 Mastruz com Leite: “Olhinhos de fogueira” “Meu vaqueiro, meu peão” "Seis cordas" “A praia” "Saga de um vaqueiro" 🍋 Limão com Mel: “De janeiro a janeiro” “Tome amor” "Por que não vê" "Toma conta de mim" "Um sonho de amor" 🖤 Calcinha Preta: "Cobertor" "Mágica" "Louca por ti" "Como vou deixar você" "Seu amor" 🎤 Magníficos: “Carta branca” “Me usa” "O encanto (Cristal quebrado)" "Apaixonada" "Telefone fora de área" 🐴 Cavalo de Pau: "Brincar de amar" "Bichinho de estimação" "Só o filé" "Estrelinha do céu" "Noda de caju" 🪗 Brucelose: "Te amo demais” "Sei que vou te amar" "Doce pecado" "Eterno amor" "Raios de neon" 🍯 Capim com Mel: "Telefona-me" “Como esquecer” “Anjo lindo” “Mais quinhentos anos” “Lágrimas de adeus” 😽 Gatinha Manhosa: “Só o amor me faz” “Eu te amo” “Isso é imortal” “Sei que vai ser assim” “Mais uma vez” 🎧 Outras bandas de forró das antigas que também merecem entrar na sua playlist: Capital do Sol: "Nossa canção" Desejo de Menina: "Diga sim pra mim" Brasas do Forró: “Todo tempo é pouco pra te amar” Mel com Terra: "Baião de dois" Calango Aceso: “Fom Fonrom Fonfom” Baby Som: "Meu grande amor" Caviar com Rapadura: "Meu anjo azul" Noda de Caju: "Pétalas de néon" VÍDEOS: mais vistos de Pernambuco nos últimos 7 dias .

FONTE: https://g1.globo.com/pe/pernambuco/sao-joao/sao-joao-de-pernambuco-2025/noticia/2025/06/24/como-o-forro-dos-anos-90-venceu-o-tempo-com-bandas-e-hits-das-antigas-que-tocam-sem-parar-veja-principais-sucessos.ghtml


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